terça-feira, 27 de dezembro de 2011

que seja logo

     Eu fico esperando o momento em que eu vou surtar. É, surtar. Perder completamente a cabeça, socar o travesseiro e gritar comigo mesma na frente do espelho, olhos vermelhos de chorar, “o que diabos você está pensando?”. Ao invés disso faço planos.
     Fico vir esperando a sensação de que meu lugar é aqui, que eu devia era passar no vestibular e parar de perder tempo com sonhos de menina. Enquanto ela não chega, listo os lugares bonitos que quero ir.
     Fico esperando a culpa de gastar tanto o dinheiro dos meus pais, que não podem me bancar tamanho luxo, mas mesmo assim se dividem em mil. Vestibular que nada, você devia era arrumar logo um emprego! Ainda a não sinto, então sonho com piqueniques aos pés da Torre.
     Espero o medo do desconhecido, espero a consciência de quanta saudade eu vou sentir, espero aquele arrependimento que bate mesmo quando você faz a mais acertada das escolhas e nada. Nadinha.
     Às vezes eu até preferia que isso tudo viesse logo (sendo quem sou, inevitavelmente virá) porque aí eu sentia, despedaçava, achava que tudo ia dar errado pra sempre. Mas em seguida sacodia a poeira, colava os pedacinhos e seguia em frente, preparada pra viver plenamente a melhor experiência da minha vida.
     No lugar, imagino se andar na London Eye dá muito frio na barriga.

domingo, 4 de dezembro de 2011

it’s a timing matter

    Engraçado que as pessoas (principalmente minha família) acham que o objetivo principal dessa viagem é estudar, aperfeiçoar meu inglês. Mas não, pra mim é muito mais do que isso. É redescobrir meus gostos, me libertar da opinião de quem não importa e aprender a dizer não. Aprender a dizer sim também, porque não? Aprender a respeitar as diferenças (de verdade, não só idealmente), a me virar sozinha. No final das contas, eu estou indo sim atrás de conhecimento, mas não só do jeito convencional.
    Não é inventar uma vida nova ou tentar ser outra pessoa. É uma mudança de atitude que eu pretendo desenvolver (já comecei, na verdade) e trazer de volta comigo. Por isso resolvi voltar a escrever. Pra quando eu me sentir tentada a aceitar qualquer merda, só por conveniência, poder olhar pra trás, por tudo que eu já passei (ou estou passando. Ou ainda, terei passado) e tomar uma atitude de verdade. 

    Claro que eu poderia (e deveria) fazer isso right here, right now, mas não sei se teria força o suficiente. Porque tem coisas que nos prendem tão, mas tão forte e que grudam na nossa alma feito uma gosma tóxica, que quanto mais você esperneia e se debate, mais grudam e te sufocam e que parecem que não vão soltar nunca mais.  
    Então vamos apenas concluir que, considerando esse momento da minha vida e fato dessa viagem acontecer justo agora e de forma tão inesperada; timing é uma coisa incrível.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

stage 5, here I go!

Eu comecei o processo do intercambio lá pra junho e na metade de agosto recebi a confirmação. Como eu tenho um histórico de coisas dando errado na minha vida; apesar de estar muito empolgada, ainda tenho um pé atrás. Acho que só vou ficar 100% confiante quando comprar a passagem, porque, pelo que eu sei, ainda é super possível aparecer alguém na minha frente gritando “pegadinha do malandro” e rindo da minha cara. E que ao invés de viajar, eu vou ter que comparecer em todas as reuniões de estágio que perdi esse ano. Que lástima. 


A cada passo que eu dou, sinto as coisas ficando mais concretas. Como se eu passasse de nível em um jogo que tem lá suas dificuldades, mas que é justo no final das contas. Não vejo a hora de matar o chefão (passagem, hehe).

Ontem eu preenchi o application do visto (tô numa fase nova, galera!). Achei um processo bem complicadinho e caro: a taxa custa 314 obamas, o que dá quase 570 dilmas. Eu provavelmente teria boiado se a Becka não tivesse me ajudado. As informações que eu pesquisei estavam muito confusas então vou explicar aqui como fiz (ou melhor, estou fazendo), vai que é útil pra alguém, né?



Primeiro de tudo: preencha o app online aqui. Aí vão suas informações pessoais, familiares, dados de contato etc etc etc. Perguntam até se você simpatiza/tem alguma relação (?) com o terrorismo. Como se alguém fosse dizer que sim, né. Depois de preencher o app e pagar a taxa abusiva, vá neste link e marque a data da entrega dos documentos.

Quanto aos documentos, não acredito que deva mudar tanto de um tipo de visto pra outro. Os que a Becka me recomendou levar:
  • RG original e xerox
  • Passaporte original e xerox da página da foto
  • Atestado de antecedentes criminais
  • Xerox do cartão do banco, frente e verso
  • Extrato bancário (acredito que seja porque o pagamento da taxa é online) 
  • Duas fotos 3,5x4,5 (pra que facilitar se pode complicar?)
  • Application form impresso
  • Carta convite com o número do sponsorship, no nosso caso.
Essa carta é onde o hotel em que vamos morar e trabalhar garante pro governo inglês que eles serão responsáveis pela nossa alimentação e moradia. Meaning que não corremos o risco de virarmos moradoras de rua no UK e que possamos eventualmente depender deles (governo). 


Uma coisa pra ter cuidado: existe um prazo entre o dia que você preenche o form e o dia da entrevista de 30 dias (acho). Se você não cumprir esse prazo, sua inscrição é cancelada. E se você já tiver pago... rodou bonito, vai ter que pagar de novo. Puta falta de sacanagem, pois é. Aconteceu com a Becka. Então pense nas suas dilminhas e tente fazer tudo o mais rápido possível.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

meet northampton

    Fiz uma mini pesquisa sobre a cidade pra onde eu vou, já que muita gente me perguntava sobre lá e eu não tinha muita ideia. E também pra saber um pouco o que esperar. Na verdade eu não achei muita coisa que eu esperava (cultura, estilo de vida etc), tem poucas informações online (ou eu não estou sabendo como procurar, o que é mais provável). Mas vamos ao que eu encontrei:

o que?
    Northampton, capital do Condado de Northamptonshire.

onde fica?
    Na Inglaterra, em uma região chamada East Midlands. A mais ou menos 108km ao noroeste de Londres e 80km a sudeste de Birmingham.

história
    Vamos lá, pelo que eu entendi da Wikipedia (que só tem artigo in english), restos encontrados na cidade, datam da Idade do Bronze. Ou seja, velho pra cacete. Assentamento agrícola, provavelmente, começou por volta do século 7. A cidade se tornou importante no século 11, quando os normandos (who?) construíram muros e um grande castelo sob o comando do conde Norman, Simon de Senlis. No início século 12, o castelo e a cidade eram mó importantes e o rei frequentemente ficava preso lá (será que tá certo isso, gente? tô achando que meu inglês falhou). Inclusive, foi de lá que ele escapou pelo portão subterrâneo pra fugir da cidade quando deu merda. No século 13 tinha judeu pra caramba. Em 1261 estudiosos da Universidade de Cambridge, fundaram uma universidade lá. Bom, tem mais um monte coisa. Cidade da Europa, ou seja: existe desde sempre e tem milhares de páginas de história. Pra encerrar, a cidade foi o mais importante centro de fabricação de sapatos de coisas couro in some point of history.

geografia


    Tem uma área total de mais ou menos 80 mil km² e uma população de aproximadamente 200 mil habitantes. Ou seja, 3 vezes menor e 5 vezes menos populosa
que São Gonçalo (my lovely city). Faz frio pra cacete (alô, sou carioca, 15ºc já é FRIO) no inverno: entre 4 e 8ºc. No verão a temperatura fica entre 14 e 22ºc. Além disso, tem aquilo das estações do ano serem bem definidinhas. Vai ser algo interessante de ver, principalmente pra alguém que mora num lugar que tem basicamente 2 estações: calor do inferno ou frio desgraçado.

    É basicamente esse o fruto da minha pesquisa preguiçosa. Acho que vocês vão ter que esperar eu e a Becka chegarmos lá pra ler coisas REALMENTE interessantes sobre a cidade.

sábado, 12 de novembro de 2011

make a move

   Mesmo depois de 7 anos (quando eu "tomei a decisão" que queria morar fora), ainda me sinto assim, com essa sede de mergulhar e vivenciar coisas totalmente novas. E agora com o adendo de ter a possibilidade de ser quem eu quiser, sem me importar em ser julgada por todo mundo. Mesmo por aqueles que fazem sem perceber.
   Sem ter que ser/agir assim ou assado, só por que as pessoas já se acostumaram com esse eu. Que às vezes nem sou eu mesmo. Porque, cara, honestamente isso me deixa exausta.
    Não sei se consigo ser mais clara. O que eu quero dizer é: não importa como eu uso meu cabelo, porque além de estar do outro lado do oceano, ninguém sabia como ele era antes.
    Eu gosto da ideia de poder mudar o que quiser sem ter ninguém pra me questionar. De chegar num lugar totalmente novo, onde eu ainda não fui encaixotada, rotulada e colocada numa prateleira empoeirada. De não deixar de fazer mais nada porque “não condiz com o meu perfil”. Da última vez que chequei, eu ainda era uma pessoa. Totalmente sujeita a mudanças e desvios. Não me lembro de ter a obrigação de seguir um padrão que, droga!, nem fui eu quem definiu.
    Às vezes, surpreender e ser surpreendido faz bem.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

feels like swimming in clouds

    Vocês sabem como é ver um sonho se concretizando? Pois eu digo. It feels damn good. Feels even better porque eu não tenho muitos sonhos desses grandões, sabe? Que fazem seu coração quase parar de bater, só de imaginar. Sim, eu tenho uma lista de realizações pessoais que me dão muito orgulho e me fazem (e farão ainda, porque é uma lista infinita e ongoing) feliz, mas, sonho-sonho, dá pra contar nos dedos de uma mão. 
   
     Mas não dessa vez. Dessa vez é diferente. Eu posso sentir as ondas de excitação cada vez que eu lembro que em fevereiro, senhoras e senhores, eu mudo pra Inglaterra e fico por lá um ano inteirinho (porque se é pra matar mamãe do coração, vamos fazer direito). E é diferente porque esse é um legítimo sonho Top 3 da vida inteira.
   
    Com uns 12 anos eu coloquei na cabeça que queria morar fora. Mas é morar mesmo. Andar pelas ruas de uma cidade qualquer como se tivesse vivido ali desde sempre, conhecer o melhor restaurante fora do circuito turista, bater papo com o moço da banca de jornal ou a senhorinha da floricultura. Enfim, absorver o máximo que eu pudesse do que o lugar tivesse para me oferecer. Vamos ver no que dá. 
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