terça-feira, 27 de dezembro de 2011

que seja logo

     Eu fico esperando o momento em que eu vou surtar. É, surtar. Perder completamente a cabeça, socar o travesseiro e gritar comigo mesma na frente do espelho, olhos vermelhos de chorar, “o que diabos você está pensando?”. Ao invés disso faço planos.
     Fico vir esperando a sensação de que meu lugar é aqui, que eu devia era passar no vestibular e parar de perder tempo com sonhos de menina. Enquanto ela não chega, listo os lugares bonitos que quero ir.
     Fico esperando a culpa de gastar tanto o dinheiro dos meus pais, que não podem me bancar tamanho luxo, mas mesmo assim se dividem em mil. Vestibular que nada, você devia era arrumar logo um emprego! Ainda a não sinto, então sonho com piqueniques aos pés da Torre.
     Espero o medo do desconhecido, espero a consciência de quanta saudade eu vou sentir, espero aquele arrependimento que bate mesmo quando você faz a mais acertada das escolhas e nada. Nadinha.
     Às vezes eu até preferia que isso tudo viesse logo (sendo quem sou, inevitavelmente virá) porque aí eu sentia, despedaçava, achava que tudo ia dar errado pra sempre. Mas em seguida sacodia a poeira, colava os pedacinhos e seguia em frente, preparada pra viver plenamente a melhor experiência da minha vida.
     No lugar, imagino se andar na London Eye dá muito frio na barriga.
Topo