sábado, 17 de março de 2012

arriving I

27 de dezembro, numa madrugada quente, eu estava sentada na minha cama, no meu quarto, na total escuridão tentando espiar o que o futuro me reservava.
Hoje, exatamente 82 dias depois, a situação se repete. A diferença é que agora faz 3 graus lá fora e meu quarto novo fica há quase 9.500 km de Niterói.
Até agora eu não tenho do que reclamar, sabe. A vida tem sido muito gentil comigo colocando pessoas tão bacanas no meu caminho.
Se há 82 dias eu me perguntava quando que eu iria surtar, fiquei sem resposta até hoje. Eu, que sou eufórica por natureza, nunca me senti tão tranquila. Entrei no avião como quem entra num ônibus pro centro da cidade. No big deal. Quando pousei em Londres, a única coisa que pensei foi: cinza. Juro que achava que ia pirar, surtar, me emocionar, ver um filme da minha vida passando pela minha cabeça... nada. Pra falar a verdade não gostei de aterrissar assim não, sabe. Queria emoção, palpitação, coração pulando e lagriminha no canto do olho. Sonho da minha vida, po. Tudo que eu senti foi uma espécie de entorpecimento (que dura um pouquinho até hoje) e medo, não do que me esperava, mas de ser mandada de volta pra casa pela imigração.
Pegamos o metrô dentro do aeroporto mesmo, eu e minhas duas malas pesadíssimas, pro centro de Londres, onde encontrei uma amiga da minha mãe que já mora por lá há bastante tempo. Fiquei impressionada com a quantidade de linhas e a área da cidade que o metrô cobre (sou menina de busão gente, não tem metrô em Niterói). Assim que desci na estação, o coração começou a, finalmente, esquentar. Descobri que falam tanto da gentileza britânica com razão, a cada lance escadas que eu me deparava, aparecia alguém pra me ajudar a subir/descer as malas. As pessoas até são gentis no Rio, mas aqui a coisa é num grau totalmente diferente.
A minha primeira impressão de Londres (o centrão mesmo) não foi das melhores. Não nos demos bem logo de cara. Achei uma cidade triste, meio sombria até. Passamos de ônibus (aquele mesmo, de 2 andares!) por alguns dos lugares mais famosos: Abadia de Westminster, o palácio, o Parlamento e o Big Ben. Novamente, no big deal. Quando começou a escurecer me bateu um desespero: eu não entendia como algum dia eu já tinha desejado morar naquela cidade estranha. Passamos pelas ruas e as casas pareciam vazias, inabitadas. Não vi uma luzinha nas janelas. Eu definitivamente não tinha curtido Londres.
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