quinta-feira, 12 de setembro de 2013

4 meses, dois dias e muitas lágrimas

Tristeza é uma coisa engraçada. Parece que ela libera todos os sentimentos bosta que você vem guardando bem guardadinho beeeem lá dentro. Daí fica triste e puf, sai tudo. O cérebro dá sinal verde. Já estamos na bad mesmo, toma aí um pouquinho de paranoia, vamos zuar a auto estima e, porque não, vamos ficar idiotas. Idiotas mesmo, sabe?, meio burrinhos.
Veja bem, faz quatro meses que voltei de Madrid. Achei que seria bem pior, mas na verdade, with a little help of my friends, foi até bem tranquilo. Mas agora, porque estou triste, dei pra morrer de saudades de lá. 

Na minha última semana antes de voltar ao Brasil, a Domi veio da Inglaterra para nos despedirmos (pela segunda vez, soooofre) e, na quinta, um dia antes do meu voo, salimos de fiesta com o Ezequiel, um amigo querido que fiz logo que cheguei. Fomos à Cats, uma boate animadinha perto de Guzman el Bueno que compensava a localização um pouco mais longe do centro com o ambiente bacana, musica boa e, bom, era open bar. Pra falar a verdade não me lembro muito daquela noite por motivos de: novamente, open bar. Em algum momento, de depois de muitas vodka con fanta, porfa resolvemos ir embora. Eu tinha que estar no aeroporto às 9 da manhã e tínhamos prometido à Tere, mãe da Domi e hostmom mais amada e linda que eu poderia ter na vida que chegaríamos antes de amanhecer, pra não ter nem o mínimo risco de atraso pro meu voo.

Não vou explicar exatamente como funciona o sistema de transporte de Madrid, apenas que funciona muito bem obrigada. Eu sempre voltava às 4, 5, 6h da manhã sozinha e me sentia super segura. Enfim, teríamos que pegar um ônibus até a Plaza de Cibeles, onde durante a madrugada funciona o terminal de ônibus noturnos. Por algum motivo de que eu não me lembro (open bar) acabamos pegando um taxi, extravagancia das extravagancias das minhas noites em Madrid. Primeiro porque ain't nobody got money for that e segundo porque realmente não era necessário. Chegamos, paguei a corrida e, antes de pegar o ônibus resolvi que precisava fazer xixi. Aqui. Agora. Puxei o Ezequiel pelo braço (já que a Domi é uma inútil com sono) e fomos caçar um lugar, ali na rua mesmo. Entramos na parte gramada de um prédio e, depois de despistar o guardinha, notamos que a grama estava completamente encharcada. Minhas sapatilhas e meia calça pretas ficaram lama pura.

Xixi feito, despedida meio bêbada, o Ez foi embora e eu fiquei com a Domi esperando o ônibus. Tinha acabado de sair um, o que significa que teríamos que esperar mais uma hora. Entramos num taxi. Pero señor, solo tenemos 20 euros para llegar a la casa! Vale vale, no pasa nada. Morremos ao entrar no carro. O cara poderia ter nos assassinado e sumido com os corpos, mas ele foi bonzinho, nos acordou exatamente no portão do nosso prédio. Subimos e desmaiamos por mais duas horas, até a hora de ir ao aeroporto. Meu quase-não-embarque foi uma novela que fica pra outra hora.
Ao chegar em casa e desfazer as malas, notei que a Tere tinha colocado minhas sapatilhas enlameadas numa sacola e enfiado na mala. Deixei na área de serviço aqui de casa para serem limpas e acabei esquecendo delas.

E, bom, esse texto imenso é apenas pra falar que hoje, 4 meses e 2 dias depois de chegar, encontrei as sapatilhas esquecidas ainda sujas num buraco qualquer e chorei lavando a lama-da-minha-ultima-noite-de-balada-em-Madrid e da minha ultima-noite-de-balada-com-a-Domi. Eu, um balde com OMO e muitas lágrimas.

Tristeza deixa a gente idiota.
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